Monday, April 17, 2006

 

A Teologia que faz Sucesso



Passeando por algumas comunidades no Orkut, percebi o quão a teologia reformada é rechaçada. Parece que a Soberania efetiva de Deus assusta as pessoas. Elas não concebem que há um Deus que rege todas as coisas, está no controle de todas as coisas, que nenhuma decisão seja ela qual for, não escapa de sua vontade. É mais fácil imaginar um deus (propositalmente minúsculo) que concede uma autonomia tal ao homem, que nem seus planos são [em alguns casos] frustados e nem a liberdade do homem [em partes] é restringida.

Para isso temos a teologia do calvinismo-moderado, apresentada a nós por Norman Geisler em seu livro Eleitos, mas livres [1]. Ele tenta, de uma forma avessa à exegese tradicional, mostrar que Deus concede uma certa autonomia às suas criaturas, mas não deixa de cumprir alguns de seus planos. E não é que esse tipo de pensamento faz sucesso no meio evangélico e até mesmo reformado? Mas é claro! Nós temos um deus ainda soberano e suas criaturas perfeitamente livres, não sendo-lhas roubado o direito de agir e pensar sem interferência nenhuma.

Não estou aqui para refutar ou fazer uma resenha crítica do livro, para isso eu indico a Resenha por Franklin Dávila, Jesus ensina o "Calvinismo Extremado" por James R. White e Chosen But Free? por James M. Harrison inglês!

O que me assusta ou mais me preocupa é que escritos com propostas como a de Geisler tem-se infiltrado no meio cristão e aceitas como a verdade bíblica. A Soberania do Deus-Vivo tem sido jogada para bem longe do foco, enquanto a capacidade humana tem sido exaltada. Claro que não podemos cair em nenhum extremo, que em última instância seria caracterizado pelo Open-Theism e pelo Hipercalvinismo.

Mas vejo a necessidade de, quando há um detrimento maior por um lado, anula-se invariavelmente o outro. Em tempos onde o homem e sua aparente liberdade são exaltados por teólogos cristãos, aqueles que tem a teologia reformada com a bíblia nas mãos precisam urgentemente mostrar o caminho verdadeiro e sadio.

Não deixemos morrer aquilo que todos escritores bíblicos, o próprio Cristo, alguns Pais da Igreja, os Reformadores, os Puritanos e outros teólogos memoráveis tanto enfatizaram: DEUS É SOBERANO!



[1]Eleitos, mas livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Norman Geisler. (São Paulo: Editora Vida, 2001), 284 p. Traduzido por Heber Carlos de Campos do original inglês Chosen but free (1999).

Comments:
Ontem mesmo fiz uma prova onde me foi pedido o conceito de providência de Deus em Paul Tillich.

Tillich nega o conceito ortodoxo de soberania e predeterminação das coisas. Ele explica: trabalhando como capelão na II Guerra, via como paradoxal o conceito de providência e a realidade do mundo. Como conciliar a idéia de um Deus santo, justo e onipotente e um mundo desgraçado e arruinado pela guerra?

Depende, então, de onde baseamos nossa análise do mundo. Onde baseamos a autoridade. Se basearmos no homem, se considerarmos teologia como antropologia, então teremos que dar razão ao Tillich. Se basearmos em Deus e em sua Palavra, então estamos certo e ele errado.

Agora, eu penso que é tosco de mais essas posições moderadas como a do Geisler, entende? Elas são inconsistentes e incoerentes em si mesmas.
 
Nagel,

Tillich é complicado mesmo. Me lembra bastante o Finney e até mesmo as últimas obras de Yancey e Gondim. Lamentável.

E como você disse, tentar fazer uma junção dos dois conceitos é impossível, e se você leu o livro, percebeu que ele parece estar até mal-intencionado, colocando frases e escritos de Agostinho na sua época juvenil, enquanto mais velho ele reviu onde tinha errado e se retratou, mas esta última, interessantemente não é apresentada na obra.

E chega a me dar náuses quem não assume sua posição e tenta inventar algo que cubra os dois...

Abraços e obrigado pelo comentário, é muito útil para mim.
 
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